quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Nada

E por nada, todo dia ela acordada
Toda hora ela suspirava, toda hora ela pensava
O nada, esse nada era tão grande que a nada ela concluía
Nada ela fazia, justamente porque nada ela entendia
Não havia nada no mundo que ela quisesse mais do que se livrar desso monte de nada
Ela fazia planos, ela esperava, ela tentava, ela se esforçava mas o nada não ia embora

A maior preocupação dela
É que ela não tinha nada
Nada seu
Nada no banco
Nada para planejar
Nada para estudar

Aos finais de semana para fora ela queria sair
Mas o nada a segurava
Abraçava com seus braços consoladores
Para que ela dormisse tranquilamente
E sonhasse com o nada
Sonhava para preencher o tempo
Porque com o tempo ela nada poderia fazer

O nada a acalma
O nada é tranquilo
O nada não dá trabalho
Mas ao mesmo tempo esse monstrinho é como uma daquelas lendas gregas
Segura você para que sua vida pare
Não caminhe

O nada preenche o tempo mas não a vida
O nada é uma pecinha de lego que preenche um espaço anacrônico
O nada, não faz diferença, não ensina, não prospera
O nada enche barriga, mas não sustenta

Ela sabe disso
Acho até que ela está ali levantando as mãos para ser salva
Mas o problema é que ela não sabe a quem pedir
Por isso, e enquanto isso, talvez nem o nada possa salvá-la
Talvez, a única esperança, seja nada, além dela mesma.

Ozzy


Agora minha família dobrou de tamanho!
Agora tenho alguém esperando por mim em casa,
Agora minha casa não é a mesma quando eu volto a noite do trabalho
Agora tenho que me preocupar com mais alguém além de mim
Agora não durmo mais sozinha
Agora nem sempre tenho silêncio quando quero
Agora eu tenho que dar atenção,
Mas quando preciso (quase) sempre a tenho de volta
Agora eu divido o banheiro
Agora penso em cardápios especiais
Penso em presentes cheios de surpresa e sou obrigada a usar a minha criatividade para concebê-los
Agora o meu bem estar não fica mais em primeiro lugar
Agora tenho um ser em quem pensar durante o dia
um ser que me faz rir
um ser pra eu dar broncas
um ser que me olha nos olhos
com um amor mais puro,mais genuíno que qualquer outro 
e eu cuido dele e ele, com seu jeitinho, cuida de mim...
Ozzy! Welcome to my life!

domingo, 15 de julho de 2012

No Paradoxo da Solidão


Hoje é domingo, são mais de 11 da noite, está muito frio lá fora e eu estou aqui em casa, na minha pequena casa, cozinhando e vendo um programa que fala da solidão que as pessoas vivem morando em Londres.

Eu também moro em uma grande capital do mundo e assim como muitos nos vários depoimentos que vejo também vim de outra cidade, mesmo que próxima e também moro sozinha.

Acho que muitos, como eu, só sentem solidão quando a vida pára, quando acontece algo que nos faz refletir sobre isso, na verdade, quando acontece algo que nos obriga mesmo, porque eu não gosto de pensar que sou solitária, na verdade eu quase nunca penso nisso, porque o fato de eu morar sozinha é uma conquista de vida muito grande, é quase que desafiar os outros e superar a mim mesma.

Penso que exatamente por isso a solidão tem essa paradoxalidade. Em vários momentos de nossas vidas nós desejamos profundamente um pouco de paz, sossego, desejamos que mesmo que por 5 minutos, estar sozinhos, sozinhos mesmo. Sem ninguém chamando, sem nenhum cliente falando, sem telefone, só nós por nós mesmos.

Por outro lado, quando se fica sozinho, há dias em que desejamos ter nem que só uma pessoinha do nosso lado pra falar da vida, pra reclamar, pra rir sem razão e até mesmo ter uma mão/ombro amigo.

A solidão por vontade, por necessidade, traz muito aprendizado sobre nós mesmos, nossa relação com os outros e com o mundo. Parece que o tempo passa mais devagar ou até mesmo pára de vez em quando.

Todo dia é uma luta, pra eu sobreviver, pra eu manter a minha solidão e até pra ter aquela graninha amiga pra poder sair e buscar outros que como eu que de vez em quando dão uma fugidinha da toca por se  sentirem sozinhos, mas que como eu gostam de viver paradoxalmente...

terça-feira, 10 de julho de 2012

I'm not in heaven



De repente acho que estou com mania de perseguição.
Sabe aquela sensação que  a gente tem de que vive correndo, correndo, fugindo para que uma determinada coisa não nos alcance, mas que de vez em quando a gente cansa, pára para descansar e de repente essa coisa alcança?
Acho que cansei e estou agora aqui lutando contra a coisa.
É um dia a dia corrido, é final de semana corrido, é a vida inteira corrida. Pra que? Pra esquecer!
É mais facil viver pra esquecer na maior parte do tempo...
Mas chega uma hora que o corpo não alcança a cabeça ou até a cabeça pesa tanto, tanto, tanto que o corpo simplesmente não consegue carregar tudo.
Sério, eu não sei se é somatização do corpo pra cabeça, da cabeça pro corpo ou se tudo somatiza tudo, mas eu sei que tudo pesa.
Não sei se preciso de uma penseira, de um ombro amigo, de um psicólogo, de um médico, de fazer exercícios, rezar, reiki, acupuntura, meditação...
Talvez eu seja no momento como a área que estudei: multidisciplinar
Eu só sei que nao sei por onde começar...

terça-feira, 5 de junho de 2012

Fuerza bruta

Tem tanta coisa acontecendo
Descobrimentos
desmascaramentos
Tanta gente nova aparecendo
Tantas atividades, tantas coisas novas para digerir
E coisas velhas para ruminar

Busco o que há de melhor
Tento absorver tudo o que uma vida urbana tem
Gente, gente, gente, gente
Compras, compras, compras, compras
E de vez em quando ( o máximo de vezes possíveis)
Fugas para algum paraíso próximo
Mas é im pressionante, como fugir cansa
E quando a gente volta a tal vida urbana está lá nos esperando

A minha necessidade de sobrevivência
A preocupação com as responsabilidades
Não podem mais minar a minha criatividade
Nem tirar de mim - nem de ninguém- as forças para se fazer algo que ama

Estou com a cabeça cheia de idéias
Estou fervilhando de planos
Mas preciso
Preciso de verdade
Não sofrer tanto com as responsabilidades de liquidificador
Que são tantas, e somadas se transformam em um peso
Tão pesado
Que acho que as minhas costas as vezes não aguentam
As resposabilidades caem no chão, se quebram
E eu aqui com trabalho extra de juntá-las, remendá-las e botá-las novamente nas costas
Para continuar a carrega-las, juntamente com as novas idéias, com as velhas
E a vontade de executar tudo ao mesmo tempo... agora!

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Pessoas-desafio

Sabe aquelas relações que do nada entram na sua vida, ficam por ali por um determinado tempo e depois vão embora sem que você nunca tenha entendido que raio de relação foi essa?

Isso tem a ver com relação amorosa, amizade, um caso, qualquer tipo de relação e por mais que você goste da pessoa, queira ficar com ela, conviver com ela, parece que você nunca a entende.

Essas relações parecem até um desafio, você fica nelas porque tenta entender a pessoa, você quer cativar, agradar, a gente insiste até o cansaço, até quando já ficou com raiva, quando já se magoou, quando já magoou o outro e por alguma razão aquilo que é ao mesmo tempo muito bom e torturante toma seu próprio rumo, sem que você tenha controle.

Por mais que a gente queira que continue - apenas com as coisas boas, claro -  às vezes tem que que haver um daqueles eventos importantes para que haja uma definição e eventos importantes nem sempre são grandes eventos, podem ser palavras mal empregadas, ações mal feitas, atitudes em horas indesejadas ou até algo incontrolável por qualquer das partes, mas eventos são eventos e esses sempre são marcantes.

Essas pessoas podem sair das nossas vidas por um tempo, voltar depois ou sair pra nunca mais voltar, mas sabe, tudo o que é complicado ensina, marca e tem que ser valorizado, porque de alguma forma, mesmo que por um breve momento a gente curte esse desafio e tudo o que da trabalho da mais satisfação.

Obrigada, anyway...

domingo, 22 de abril de 2012

Melancolia

Nos últimos dias fui obrigada a permanecer em repouso, por ordens médicas, pra sarar logo.

Mas quem disse que a gente fica completamente quieto? Hoje sei, mais do que nunca, que quanto menos o corpo trabalha mais a mente se agita, pensa, pensa, pensa até cansar, porque o corpo, cansado do descanso se recusa a desligar.

Nessas horas, por menos que se queira bate aquela sensação de cansaço, de abandono de mim por mim mesma e pelos outros, mesmo eu sabendo que não é culpa de ninguém eu estar assim.

O que eu fiz? Tentei manter minha mente ocupada. Como? Crochê, filmes, arrumar a gaveta, cozinhar, arrumar outra gaveta...mas sabe, quando a gente menos percebe, lá está a pulguinha que pica a gente com aquele veneninho leve, mas que incomoda.

Acho que esse tipo de melancolia é como aquelas doenças que só atacam a gente quando a imunidade está baixa e de repente a gente percebe que ela está lá, tipo uma afta na língua ou herpes labial.

Eu sei que logo logo tanto cabeça, quanto corpo voltarão a estar bem, mas que vou carregar cicatrizes, vou ter um trabalhinho pra voltar a ser como era.

Mas amanhã, bem cedo é dia de tirar o pijama, dia de ser positiva, dia de tratar os outros e a mim mesma muito bem e deixar a melancolia ali dobradinha num canto escondido, mas de fácil acesso, talvez, junto com os biquines, que atualmente eu raramente uso.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Não somos uma ilha

"Sonho que se sonha só
é só um sonho que se sonha só
Mas sonho que se sonha junto
É realidade"

Raul Seixas


Ahhhh! Voltando de mais uma temporada de recuperação e não falo de estudos!

Segunda vez em menos de um ano em que sou obrigada a me afastar da minha vida para recuperar a saúde e dessa vez tenho muita fé, muita esperança de que seja a última com o tratamento todo a que estou sendo submetida.

Mas sabe, como da outra vez, eu cheguei a conclusão de que Deus sempre nos ajuda e nos traz lições nos piores momentos e que com bom humor tudo fica mais fácil.

Dessa vez eu aprendi que:

"De vez em quando precisamos de uma terapia do tempo das cavernas: causar uma dor muito muito maior para que uma menor, mas prolongada e que atrapalha a vida seja eliminada definitivamente."

Decididamente, não somos uma ilha! Cada vez mais valorizo a minha família, que me ajudou muito agora e sempre! Carinho, afeto, conversas são muito importantes para a saúde e a temporada com eles fez bem para o meu corpo e alma. Sei que eles são importantes para mim, e, mais do que isso, que sou importante para eles.

Graças a Deus tenho meus amigos, que com palavras, gestos, mensagens me ajudaram imensamente nos dias em que estava lá, de molho, sozinha.

Melhor do que ter um local para me refugiar, é ter um lugar para voltar. Continuo a ter muito orgulho da minha casa e de todo o significado dela para mim.

E sem nenhum tipo de puxasaquismo: às vezes nos estressamos com a empresa em que trabalhamos, com o trabalho em si, de ter que acordar todos os dias para fazer a mesma coisa... mas é muito muito, muito bom poder voltar e saber que posso contar com a empresa em que trabalho, ser recebida com tanto carinho pelos meus colegas e amigos e voltar a ter orgulho de ser mais do que uma trabalhadora, mas uma profissional.

Sabe, cada vez mais eu chego a conclusão de que para ser feliz eu não preciso só de mim, com tanta cara e tanta coragem, que nunca serão suficientes para enfrentar esse vidão dificil que está à nossa frente. É preciso ter coragem para confiar nas pessoas e nas instituições das quais dependemos e que dependem da gente e há momentos em que temos que quebrar essa casquinha da nossa cabeça dura, para finalmente entender esse detalhezinho tão simples da vida.

domingo, 18 de março de 2012

Superstition ain't the way


Clica aí para ouvir enquanto lê:

Desde pequena minha mãe sempre dizia: "engasgou com saliva é supresa boa".

Minha avó também me falava: "sapato em cima da mesa não presta"

"Não deixa cair a faca no chão que é briga / caiu colher no chão é visita de mulher"

A vida toda a gente fica rodeado, recheado de supestições que vem da nossa criação, que vem do consciente coletivo e às vezes aquelas que a gente mesmo cria, afinal de contas criatividade pra arrumar minhoca na cabeça é que não falta pro ser humano, pra mim então, nem se fala.

Sabe as tais coisas bobas do dia a dia do tipo: tem que começar o banho lavando o braço esquerdo?
Pois é, fico às vezes pensando que em alguns dias guardar essas superstições pode ser bom, como pode ser ruim... é um consolo pensar que o leve engasgo com saliva é sinal de sorte, mas cadê a surpresa boa?

As vezes a gente fica acreditando que só porque passou por uma coisa ruim, algo bom tem que vir em seguida para compensar.

Ou ao contrário, que só por algum dia na vida fizemos algo não tão bom e que por isso pagaremos "com azar" por um bom tempo (sabe o tal do espelho quebrado?).

Apesar de eu bem gostar de uma magiazinha positiva, de uma mandinga, de um pezinho de coelho (não o de verdade, mas algm tipo de talismã, vai?), eu acho que tudo na vida depende da gente, se somos ou não positivos frente a uma batalha, frente a um dia ruim, frente a um desafio.

Eu acho que o nosso maior talismã é um sorriso, ou o esforço para obter um sorriso no rosto e a superstição é a maneira de encararmos a vida, de encontrar um caminho frente ao trânsito congestionado do nosso tempo.

E se mesmo assim as coisas não darem certo... é bom não dar chance pro azar: ter conosco um bom talismã, nem que seja pendurar uma ferradura no pescoço e evitar passar por baixo de uma escada, manusear espelhos com cuidado, não botar sapatos virados pra baixo e nem em cima da mesa, não desperdiçar sal....

quinta-feira, 15 de março de 2012

Cheia de história
















Há pouco estava conversando com um amigo e falando sobre duas coisas que carrego na minha identidade e na minha alma: o nome e as várias histórias sobre tudo, desde o nome.

Desde pequena sempre me questionaram sobre o meu nome, seja com graça, curiosidade ou puro sarro. Já houve épocas que eu quis me chamar Fernanda, Daniela ou Andrea, nomes mais comuns e que não dava margem a ser alvo de bulling.

Mas depois de passar pela infância, passei a gostar do meu nome, por ele ser diferente, simples de falar e forte: BETHÂNIA! Quem não se assustaria ao ser chamada de Bethânia e não de Be, Beta, Betinha, simplesmente.

Eu só fui descobrir a verdadeira origem do meu nome depois de grande, e sorte a minha quando eu já falava, ou tinha uma boa noção de inglês. Eu pesquisei o significado (a cidade em que Jesus fez o milagre de Lázaro), li sobre o assunto, mas não sei como um dia minha mãe me contou que era pra eu me chamar Aline, mas como sua idéia foi roubada, acabou lembrando de uma música: Better better beta beta Bethânia / please send me a letter...

É uma musica de um disco bem importante pra MPB, de quando o Caetano estava no exílio, o mesmo em que ele toca London London.

Pra quem quiser ouvir:
http://www.youtube.com/watch?v=SvsAOZv-QYY

Eu bem queria saber tocar ou compor, talvez pra fazer jus ao nome. Dá aquela invejinha branca...

segunda-feira, 12 de março de 2012

Happiness

"Happiness hit her like a train on a track
Coming towards her stuck still no turning back
She hid around corners and she hid under beds
She killed it with kisses and from it she fled
With every bubble she sank with her drink
And washed it away down the kitchen sink"
Florence + The machine

Tem horas que um deteminado sentimento vem assim devagarinho tomando conta da gente
devagarinho como os trens da Linha Luz/ Francisco Morato da CPTM
Meio aos trancos e barrancos
Às vezes velha e sem manutenção
Às vezes tinindo de nova e cheia de publicidade
Eu agora estou naquela fase do quase tinindo de nova, cuidando do aço, polindo e deixando mais bonito o que for posssível
Mas sei que ainda falta o cuidado interno (a saúde TEM que ficar completa)
Aos pouquinhos vou atrás
Mas eu sei que a felicidade está lá e é ela quem não me deixa me entregar
Ela é mais forte, me levanta, me ergue e ganha o cabo de guerra contra a doença e a tristeza
E essas muitas vezes, coexistindo, em plena simbiose até que ganham uma força
Mas a tal da felicidade empurra pra fora a matilha de cães

http://www.youtube.com/watch?v=iWOyfLBYtuU&ob=av2e

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Cansada!

Ahh, carnaval...
Ótima oportunidade para descansar, dormir, não fazer nada.
Mas puxa vida, minha vida está ultimamente muito resumida ao trabalho. Nos dias normais eu só trabalho e quando chego em casa só quero descansar do trabalho.
Estou em busca de novas atividades, praticar lazer, fazer alguma atividade prazeirosa, diferente e não relacionada a trabalho... e praticar "nadismo" em casa não está incluso.
Agora no final de semana de carnaval, estou na busca da fuga do carnaval. Já falei aqui do "direito inalienavel ao mau humor" e além dele, eu defendo que nesses feriados, como Natal, Ano Novo e carnaval, não somos obrigados a sermos 100% felizes o tempo todo, viver na folia, ser fofos e abraçar a todos... é muito frustrante a gente buscar a felicidade por obrigação.
Eu prometo que vou buscar a felicidade, mas como remédio homeopático, que vem em pequenas doses para que o resultado seja permanente.
Acho que nem um momento de felicidade e nem um dia de trabalho tem que passar assim tão rápido que nem notamos, mas a gente tem que ter esse cuidado de, de vez em quando, dar uma parada e olhar, analisar o que fazemos com o nosso cotidiano, afinal é nele que botamos as pedrinhas de lego da nossa felicidade e não no fast food que é um final de semana de carnaval.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Visualização


Hoje, como me vejo:
Aquela estátua daquela praça ali pertinho de casa. Bem concebida, com um ótimo projeto, por arquitetos, não renomados mas com potencial.
Sou aquela estátua que sofre com o tempo metereológico, com o tempo físico
Sou aquela estátua na qual vem um passarinho e faz um cocôzinho (que dizem em algumas culturas ser sinal de sorte, mas na minha é nojento mesmo), vem um infeliz faz um xixi, quietinho, na moita porque ninguém vai ver...
E eu, a estátua, estou ali parada, com meus olhos a observar os acontecimentos, a vida a meu redor. De vez em quando alguém vem, lembra que é necesário cuidar do patrimônio, dá uma cuidada, uma "revitalizada", mas em seguida volta tudo como antes
E os meus olhos continuam a observar, e o meu corpo, como dizem nas artes, com carateristicas de movimento, mas ainda assim uma estátua.
Hoje como dizem que me vêem:
"Bê, mas você tem que ter um orgulho danado do que tem, do que conquistou em tão pouco tempo".
"Bê, tenha paciência, não se apavora, você é corajosa"
"Bê, você vai conseguir tudo o que quer e muito mais, só racionaliza"
"Bê, você é linda e você nem sabe o quanto, temos orgulho do que vc é, por dentro e por fora."
Como eu queria que as coisas fossem:
De repente, como nos desenhos da Disney, misturado com Monteiro Lobato e contos de fada, viesse pra cima da estátua supracitada um pouco de pó de pirilimpimpim e a estátua, além de mexer os olhinhos pro mundo, pudesse ver a si mesma com os mesmos olhos que dizem vê-la: com mais coragem, menos medo e cuidando do próprio patrimônio, afinal essa estátua aqui mora em São Paulo e quem mora aqui não pode depender de serviço público, tem que se auto mobilizar...
Mas o duro, o difícil, o complicado, é esperar o tal do pó de pirilimpimpim... a estátua aqui ta tentando uma mágica partindo de si mesma...

domingo, 29 de janeiro de 2012

Solta no mundo



Já faz um tempo que estou solteira e, como tudo na vida, isso tem seus prós e contras.



Eu venho aprendendo que a principal e maior responsável pela minha felicidade sou eu mesma, porque se eu colocar a minha felicidade na mão de alguém e esse alguém for embora eu fico sem o alguém e sem a felicidade.



Também aprendi que ter amigos é essencial e isso significa os MEUS amigos, porque quando se entra em um relacionamento outras pessoas entram em nossas vidas, mas às vezes esse encontro é passageiro, dura o tempo do relacionamento, às avezes até um pouquinho mais, mas são raríssimas as exceções em que garantimos uma dessas amizades para o resto de nossas vidas, mesmo que se queira isso, porque é injusto colocar uma pessoa querida no meio de uma tempestade.



Cada vez mais eu estou enxergando a mim mesma, mas não através dos olhos dos outros, mas dos meus, por isso estou me cuidando mais, afinal, a idade vem chegando...



De vez em quando aparecem pessoas bacanas. Pessoas em quem eu quero acreditar, ficar junto ter companhia, mas o passado me fez a tal gata escaldada. Hoje não confio mais completamente, hoje tenho os dois pés atrás, hoje tenho muito medo.



Cada vez que me desarmo, sinto medo, me encho de espectativas, fico ansiosa, porque eu descobri que palavras nem sempre significam intensões e gestos nem sempre são despropositais.



Cada vez que uma pessoa vem, eu me animo, fico toda felicidade, mas ao mesmo tempo quero tentar saber com quais lentes a pessoa me enxerga, o que espera de mim... às vezes tenho a sensação de que as experiências passadas, ao invés de me fazerem progredir, me fizeram regredir, porque quando vejo me pego em ações que eu tinha lá na adolescência, aí me pergunto: será que é isso? será que o problema é comigo?



E toda vez que uma pessoa aparece, vem o período bacana, de diversão e então a pessoa vai sumindo, sumindo, sumindo, como uma lua minguante, e leva com ela aquela luzinha que trouxe a principio.



Será que vai ser sempre o mesmo circulo vicioso? Porque acho triste a luz se acabar, e quando ela se vai, me sinto mais sozinha do que antes, afinal, quando só se conta consigo mesmo é mais difícil de se decepcionar, apesar de isso acontecer às vezes...






sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Paciência

"O mundo vai girando

Cada vez mais veloz

A gente espera do mundo

E o mundo espera de nós

Um pouco mais de paciência..."

(Lenine)



Tem épocas da nossa vida que tudo o que eu quero é tampar a respiração e mergulhar em alguma coisa silenciosa, tranquila, onde não posso ouvir nem meus pensamentos.

Tem épocas que é tão difícil racionalizar que eu não raciocino

Tem épocas em que há tantos problemas, probleminhas e problemões, pulando na minha mente, que me sinto como uma panela de pipoca, daquelas de carrocinha mesmo, sacudida e gasta de tanto uso

Tem noites, que para pelo menos melhorar o dia, um abraço sincero seria de extrema importância

Tem horas que não vejo a hora de fugir, daqui ou de mim mesma

Tem dias que queria só levantar a mão e pedir resgate

Há dias que o dia não acaba

E tem o agora, que preciso ter calma...

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Da sindrome do achismo

Ano novo, ótima oportunidade de "quebrar paradigmas".
Adoro essa do quebrar paradigmas. Aprendi há muitos anos na faculdade e sempre uso na minha vidinha.
Quebrar paradigmas é mudar uma idéia já antiga, ou ver algo que já está ao nosso redor com um outro ponto de vista.
A nossa existência é um pontinho insignificante nesse universo de vidas e acho que só o fato de transformá-la, pelo menos aos nossos olhos, já traz mais cores, mais alegria ou melhor entendimento para nós e para os outros.
De vez em quando a gente tem que dar uma change pra nós mesmos e para os outros.
De vez em quando é muito bom ter uma conversa franca com alguém de quem se gosta muito, mas que por um longo, longo tempo, a gente tinha uma visão errada da pessoa. Por mais abertura que se tenha para as tais conversas de liquidificador ou brincar de jogar com alguma idéia, raramente a gente tem uma conversa sincera e real com alguém, por que bem ou mal nós mesmos e os outros usamos máscaras e é legal tirá-las, pelo ou menos um pouquinho pra que essa pessoa de que gostamos possa ver um pouco do que somos de verdade, e acho que esse é um presente muito maior do que algo material.
Mas é muito bom receber esse presente, porque às vezes uma idéia, um ponto de vista fica lá anos guardado com a pessoa, empoeirado, com chances de talvez nunca ser levado à tona, mas num belo dia aquilo, mesmo que empurrado sai lá daquele cantinho escondido das idéias.
E é muito bom dizer: obrigada pelo presente! E recomeçar, e ver aquela velha amizade com mais luz, clareza e mais possibilidades.
Quisera eu fosse assim todos os dias, quisera eu poder contar com a possibilidade de mostrar minha máscara sem ferrugem, quisera eu não ter medo de palavras ditas sob a máscara de um personagem, quisera eu não ter medo de palavras...