quinta-feira, 31 de julho de 2014

Re-conhecer

Finalmente eu alcancei aquela fase de dúvidas eternas sobre a vida!

Aquela fase da qual todos comentam, aquela fase de angústia e uma solidão terrível, porque a gente tem tudo na mão: independência, conhecimento, liberdade, dinheiro (até certo ponto), mas, apesar de tudo isso bate uma grande solidão porque temos que nos defender sozinhos e tomar as decisões sozinhos e isso é uma das coisas mais difíceis da maturidade.

Agora  estou naquela fase de reconhecimento, no sentido de que estou me conhecendo novamente. Me pego agindo de maneira diferente ao que eu fazia, me pego tomando decisões mais racionais, me pego fazendo escolhas diferentes, duvidosas ou não e, em alguns aspectos eu não tenho gostado de mim mesma em certas situações. Hoje eu sei que não adianta simplesmente eu engolir e continuar, eu sei que se eu não gostar de algo, eu preciso mudar e não conviver com aquilo, não posso negar minha natureza e tentar ser o que eu não sou e isso também é parte da maturidade, além do fato de eu saber que não posso jogar tudo pro alto e ir mudando, porque há sim consequências tanto na minha vida como na vida dos outros.

Mas, pensando em tudo isso ainda tenho dificuldades em saber pra que lado virar o volante da minha vida. Decisões antigas como: o que vou ser quando crescer? Quero estudar ou não? Que estilo de roupa e de vida devo seguir (afinal os anos passam, a gravidade faz efeito e a moda da barriguinha de fora já passou)?Em que devo investir meu tempo e meu dinheiro? Em quem e como confiar, uma vez que já tenho experiência e bagagem na vida?

Sabe, eu gosto da minha independência, tenho orgulho das minhas conquistas, mas tem horas que eu não sei o que fazer com isso tudo, por mais que eu leia, por mais bem informada que eu seja, às vezes sinto que há excesso de bagagem e é difícil carregar tudo e ir em frente.

E sabe, se entender a mim mesma, que eu sei no que estou pensando, que me conheço um pouco, que sei do meu caráter, é extremamente complicado, imagina entender as pessoas desse mundo? A angústia aumenta, as dúvidas são enormes e, o que é pior, eu sei que isso nunca vai mudar, porque eu sei que vou me encontrar em algum momento, mas aos outros...


terça-feira, 8 de julho de 2014

Sobre o Brasil e a Copa do Mundo


Ok, Ok, cá estou eu triste já que a nossa Seleção perdeu de goleada em plena semifinal da Copa do Mundo realizada em nosso país.

Isso me incomoda? Sim! Isso me deixa triste? Sim!

Não só porque é a Seleção que representa minha bandeira, mas como brasileira, o futebol está em minha cultura e a Copa do Mundo é o maior momento de patriotismo em um país que não luta lá fora com armas, mas com um esporte. O futebol sim nos representa como cultura, ele representa através de movimentos, de tática, de lances e jogadas criadas por nossos jogadores, pela nossa malandragem no jogo e não é a toa a enxurrada de lágrimas, de reclamações.

Posso dizer que o futebol nos representa mais do que o samba, mais do que a caipirinha, a mulata e a feijoada. A cada quatro anos o país literalmente para para assistir aos jogos e sofre com eles. A cada quatro anos pessoas que nem ligam para futebol passam assistir jogos, conhecer regras e jogadores e isso com certeza não acontece com a feijoada, a caipirinha e o samba.

Por isso hoje sentimos tanto essa derrota humilhante por 7X1. Nossa principal manifestação cultural foi arranhada. Mesmo sendo um esporte, onde se está sujeito a ganhar ou perder, para nós brasileiros perder um jogo como esse e dessa forma é um (mal) momento que nunca esqueceremos. Hoje vimos a História sendo escrita.

Mas sabe, apesar desse desfecho para a nossa Seleção, eu fico triste que as pessoas deixem de pensar em tudo o que a Copa nos trouxe e trará. Não, não estou aqui para enaltecer partido político, politicagem ou qualquer coisa desse tipo, na verdade eu estou cansada de tantas reclamações nas redes sociais falando que a Copa estava comprada, que a culpa é do partido X, que os jogadores só querem saber de dinheiro, que se o Neymar tivesse se tratado no SUS ele nunca mais voltaria... gente, temos que separar as coisas.

Sim, os jogadores ganham muito dinheiro! Porque eles merecem, eles foram atrás do sonho da grande maioria dos meninos brasileiros e o realizaram. Mas dá para ver que, mesmo com o dinheiro, aquele momento é o auge da carreira de um jogador brasileiro: jogar na Seleção. Haja vista a emoção ao cantarem o hino, o choro, o pedido de desculpas do David Luiz dizendo querer levar alegria para o povo. Lembrem-se que homem não chora...

Com relação a política, é claro que em qualquer evento como esse haverá interesse de todas as partes, especialmente as classes política e econômica, cada uma querendo buscar sua fatia. Mas desde que soubemos que teríamos uma Copa aqui no Brasil eu nunca em toda a minha vida vi tanta gente refletindo sobre nossa política, especialmente com o tal do "Padrão FIFA", sobre o tal do "E na Copa?", sobre nossa infra estrutura, sobre cada manifestação feita nas ruas, sobre cada discurso e matéria tanto em nossa como na imprensa estrangeira.

Temos sim que lamentar o placar de hoje, mas não acho que, como agora estão anunciando na imprensa estrangeira, seja o fim de nossa tradição no futebol. Nem acho que devemos só reclamar de nossa política, reclamar do evento, reclamar dos argentinos, reclamar...

Acho que agora é o momento de repensarmos e usarmos tudo como lição, aprendizado e buscarmos caminhos para o futuro.

Com relação a política, por que não continuarmos a refletir, a protestar e buscar nossos direitos. É hora de buscarmos nossa responsabilidade sobre o que acontece com nosso país. Graças a Copa sabemos que conseguimos sim buscar focos de corrupção, que conseguimos melhorar nossa infra-estrutura e sabemos que a construção dos estádios e outras obras não é um mar de rosas de perfeição. Sabemos que com os protestos do último ano somos sim fortes, mas claro, temos que saber pelo que estamos protestando, não somos vaquinhas de presépio que respondem ao chamado de uma voz sem nome. Temos que saber porque e como deveremos lutar e para isso devemos buscar informação e não simplesmente seguir a onda.

Com relação ao futebol, nos resta torcer. Nos resta aprender a ser torcedores e continuar apoiando a Seleção, mas cobrar das instituições mais do que tivemos. Falta pressionarmos para que saibam que o que representam é a nossa Cultura. Sabemos, claro que ali é mais do que futebol, é dinheiro, é política e muitas outras coisas não tão bonitas como um belo drible. Tenho certeza que após esse tombo vão se mexer e correr atrás, já que o país do jeitinho, do "tudo para última hora" também é assim com o futebol.

Hoje estamos vendo um momento de, espero eu, quebra de paradigmas. Sabemos que agora começa a corrida para as eleições, sabemos que agora estamos saindo de um sonho e voltando a realidade, mas por que a realidade não pode ser boa, de esperanças?

Graças a Copa, nosso país está sendo visto muito positivamente lá fora. Como turismóloga vejo as notícias de que eles querem voltar, de que nosso povo é maravilhoso, apesar de nossos problemas e da maneira que nos vemos lá fora. Somos temas de livros estudo sobre cultura. E, além disso, em nenhuma outra Copa houve tantos questionamentos com relação a FIFA, com relação as imposições feitas por essa instituição tão poderosa. Não foi em um país da Europa, nos EUA, no Japão, foi aqui e isso, com certeza foi comentado e notado aqui e lá fora.

Não sou cega e nem ingênua com relação a nossos problemas, mas acho que devemos valorizar o que temos de bom, e isso a Copa nos ajudou, e também devemos lutar para que melhoremos, ao invés de somente reclamar e fugir para outro país mais consolidado politica e economicamente, mas com tantas diferenças culturais, nem tão positivas, das nossas.

Acho que esse é o momento de nos valorizarmos como povo, mas também é o momento de aprendermos a perder no futebol e lembrar que, mais do que uma manifestação cultural de nosso país, trata-se de um esporte onde se ganha, se perde e onde se corre atrás do prejuízo. É hora de colocarmos a casa em ordem e buscarmos o progresso.