quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Os caras de pau



Cada vez que ando por Sampa, seja para ir trabalhar ou passear me espanto mais e mais com a capacidade criativa do povo para ganhar dinheiro.
Acho que em todos os bairros, em especial aqui na Paulista, Centro e arredores, há todas as formas possíveis de se ganhar muito mais do que um troquinho, e se não são todas as formas possíveis, pelo menos estão aqui as pessoas com mais criatividade.
Existem os culturais, que vendem ingresso para teatro (há mais de 10 anos eu circulo pela região e sempre tem o tiozinho semi careca, de cabelos longos oferecendo ingressos). Também tem o tocador de guitarra, de sax, de MPB, os dançarinos a lá Michael Jackson e os malabaristas de farol.
Há também os filantropos que pedem dinheiro para o Green Peace, para os cães de rua, para os dependentes em geral...
Tem os vendedores, que tocados pelo cansaço de cada dia da massa trabalhadora oferecem balas, chicletes, biscoitos, chocolates e, por que não, a cervejinha sagrada, seja no trem, em frente às baladas (onde também é oferecido aquele doguinho amigo) e na porta de shows.
Há aqueles que pedem para ajudar com uma deficiência física, como a moça do trem que cantava com um sonzinho ligado com o acompanhamento de instrumentos (era cega). Tem o moço que anda em um skate porque não tem pernas. Tem outro que fala "dê uma ajuda ao ceguinho". Tem a mãe com 5 bocas para alimentar, cujo marido fugiu (há anos a vejo e as crianças sempre mudam).
Mas esses são os básicos. Tem os mais criativos, ou melhor os mais caras de pau.
Esse post é em homenagem a um que vi hoje pela manhã.
Descrição físíca: nada magrinho, usava camisa do Corinthians com o nome do Ronaldo nas costas, bermuda jeans e sandálias Rider.
Discurso: voz em sotaque carioca. Disse que veio do Rio e que estava em Sampa para tratamento de um tiro de bala perdida que levou próximo a sua casa, na Cidade de Deus (sim a do filme), onde tem um barraquinho próprio, não paga aluguel e moram todos os seus 5 filhinhos e esposa. Segundo ele (com voz muito, muito triste) a bala que levou foi na cabeça e estava próxima a seu olho esquerdo (uma coisa caída e estranha), que se não operado poderia ser danificado ainda mais. Antes da cirurgia ele queria retornar a seu lar, rever a família e para isso necessitava juntar os R$98.00 da passagem de ônibus para o Rio.
O cara era tão bom que metade do vagão pagou. Notas e moedas.
Quando eu já estava para descer, no final do vagão, depois de ter recebido uma bela graninha, ele sentou em um dos últimos bancos, tirou algo do bolso, deu uma cuspida nessa coisa e jogou a cabeça para trás colocando algo, que eu achei que era colírio para o tal olho em perigo pela bala. Gente... o cara cuspiu em um olho postiço e o colocou no lugar do globo ocular que estava vazio.
Enquanto eu descia na plataforma, ouvia dois rapazes conversando:
- Queria ver esse aí carregar pedra de final de semana pra ganhar um extra como nós fazemos.
- Como assim carioca com a camisa do Corínthians?
- E eu bem queria usar uma bermuda de surf para trabalhar como esse aí. Vagabundo!
Moral da história?
Tem muita gente sem moral nesse mundo!!!
Só rindo pra continuar caminhando, pôr o dedinho no registro de ponto, logar e trabalhar, trabalhar, trabalhar...

domingo, 11 de setembro de 2011

Vivendo a vida







Ultimamente venho sido muito questionada sobre "como é morar sozinha?", porque já estou morando fora da casa da minha mãe há mais ou menos um ano e meio, e não me arrependo, nem um pouco.





Desde que saí de lá, minha relação com a minha família foi melhorando gradativamente, eu estou aprendendo cada vez mais sobre mim mesma e sobre responsabilidade, além da realização pessoal de ter a minha micro casa com o status de MINHA!





Já fazia um tempinho que eu estava para escrever sobre isso, porque é uma coisa que vivo todos os dias e cada vez mais pessoas me perguntam, ora questionando:





Por que você, uma menina, mora sozinha?? (sentiu o uma menina né?? Não sou obrigada a me casar pra sair da casa da minha família, sou grandinha viu?)





Por que você mora perto da Augusta, perto do Centro, não é perigoso?? (ai que preconceito! Pois eu moro em um lugar que gosto bastante e sou muito feliz aqui obrigada! Não vejo nada de tão anormal e me sinto muito mais segura do que quando pegava trem pra ir pra casa todos os dias).





Mas você gasta muito pra morar sozinha?( mmm, até gasto, mas vale cada centavo pelo meu sossego, pela minha tranquilidade).





Eu andei lendo aqui na internet uma quantidade significativa de listas de prós e contras de se morar sozinho antes de eu sair de casa e agora recentemente andei lendo de novo para ajudar uma pessoa.





Entonces resolvi fazer a minha propria lista, com prós, contras e um "depende do ponto de vista". Bom, vamos começar pela parte negativa:










Contras










1) Ter de pagar todas as contas sozinha: pois sim, na casa da minha mãe eu não fazia compras com o meu dinheiro na maior parte das vezes, não pagava as contas e não tinha que lembrar das datas de todas as contas. Eu ajudava a minha mãe a administrar, porque desde pequena fui criada para saber me virar sozinha, ia ao banco, ao mercado, mas o comando era da minha mãe;





2) Não ter com quem repartir o serviço de casa: apesar de eu viver em um ape de 30m², o cafofinho precisa ser arrumado e agora tudo depende de mim. E sempre esqueço de alguma coisa. Hoje mesmo tem loça ali na pia, mas quem disse que tou animada a lavá-la. E não, não da pra pagar empregada, nem vale a pena.





3) Cozinhar para uma pessoa requer prática e habilidade. Eu amo cozinhar, de verdade, de paixão. Mas, a comida sempre estraga na geladeira porque não dou conta de comer tudo o que cozinho. E no mercado não vendem porções menores, mesmo eu ja comprando as menores disponiveis, fico sempre culpada por ter de jogar comida fora. Fora o desperdicio de dinheiro.





4) Medo: estar sozinha as vezes da medo. Medo de barulho, de assalto, de não dar conta de pagar e resolver tudo, de ficar doente e não conseguir apelar pra ninguém (ou ficar preocupada de incomodar os outros). Da medo de a sua relação com o resto do mundo mudar, porque estando sozinha a pessoa adquire seus habitos, torna-se mais quieta, silenciosa e, porque não, preguiçosa. Por isso, amigos, não me julguem, eu fiquei assim bicho do mato mas continuo a Be.





5) Resolução de tarefas que desconhecemos a solução: já queimou meu chuveiro?? Já!! Eu sei consertar?? Não!! O cara que paguei pra fazer isso arrumou direito?? Não!!





Pois sim, tem coisas que são de extrema prioridade, como o sagrado banho quente antes do trabalho e depois dele. Então pra muitas coisas temos que contar com a boa vontade de alguém, no meu caso do meu tio ou do zelador ou contratar alguém de confiança que não deixe meu chuveiro só com a temperatura de verão pra sempre.










Depende do ponto de vista










1) Motivação: quando moramos com alguém (pais, amigos, namorado, sejá la o que for) a gente se motiva a fazer as coisas. Limpar a casa, cozinhar, lavar a louça, passa a ser uma tarefa que TEMOS de fazer, senão tem bronca, crítica, briga.





Da mesma forma que quando moramos sozinhos tem a questão do "eu faço se eu quero". Não tem mais aquela pressão de fazer as coisas porque somos obrigados, mas sim porque queremos ter uma casa bacana, arrumada. A mente funciona melhor quando há limpeza e arrumação. Isso é fato e o feng Shui já prova. Mas tem dias em que não estamos à fim e é bom respeitar a nós mesmos, porque já tem a jornada de trabalho e mais a jornada doméstica cansa!





2) Liberdade: morar com os pais muitas vezes não nos permite receber quem a gente quer, na hora que a gente quer, fazer o que a gente quer. Mas morar sozinho não significa que abriu a porteira geral.





É preciso ter equilibrio, pra trazer a pessoa certa e a quantidade certa de pessoas, senão os vizinhos reclamam.





Tem a parte legal de pode decorar a casa com o que queremos. Eu pintei a cortina, coisa que a minha mãe jamais me deixaria fazer, agora quero comprar uma cortina nova e trocar tudo, mas tudo na hora certo, com o dinheiro no bolso. Mas na casa da minha mãe ela me ajudaria a escolher a cortina, a pagar, a instalar rsss e aqui não é bem assim.





3) Mi mi mi: tem dias que bate a carência. Nesses dias temos a opção de ficar vendo comedia romantica e comer pipoca até explodir. Há a opção de sair sozinha ou com amigos ou com a pessoinha. Há a opção de falar: Manhêêê! Faz pão de mandioquinha e separa a Messy que tou indo pra Franco. Carinho a gente tem que batalhar!





4) Pets: aiii que saudades da minha Messy (minha gatinha linda). Não da para ter pet aqui em casa porque o ape é pequeno, porque a coitadinha ia sofrer ficando sozinha o dia todo, porque tem que telar a janela (aqui só tem 1 janelona na casa toda), e não posso colocar o meu bem estar em detrimento do bem estar dela.





Também tem outro ponto: um pet não me permite ter tanta liberdade. Tendo um pet não posso viajar, tenho que voltar correndo para alimentar, limpar, dar atenção.





Mas sinto muita saudade! Sempre tive pets comigo, sempre dormi com os gatinhos de quatro patas, desde bebê. Então é uma faga de dois gumes!










Prós










1) Voltar para casa na hora que eu quiser: não tenho que ligar para avisar que não vou voltar. Não tenho que avisar que cheguei. Não tenho que dar nenhuma satisfação sobre com quem estive e pra onde eu fui.





2) Revelar apenas o que me é conveniente: não fico armando um teatro pra justificar meus atos. Eu simplesmente conto ou não conto. Pronto!





3) Ver e ouvir o que gosto na hora e volume desejados: pois sim, antes eu brigava pra ouvir minhas coisas, porque tinha que dividir radio, tv e espaço. Agora é tudo meeeeuuuu!





4) Dividir espaço: antes eu dividia o quarto com a minha mãe, não tinha espaço no guarda-roupas, não conseguia ficar sozinha um segundo, não podia fechar a porta. Agora tenho uma casa inteira só pra mim.





5) Dançar pelada pela casa: porque é legal, oras, desque a cortina esteja fechada pra eu não promover um show de horrores aos meus vizinhos.





6) O serviço doméstico é só por uma pessoa: não lavo a roupa de mais ninguém, não passo a roupa de mais ninguém, não lavo a louça de mais ninguém. Antes eu fazia por mim e pelos outros e isso desgasta muito!





7) Morar perto das baladas e diversões de Sampa: muito bom ir pra balada à pé, ao cinema à pé, ás compras à pé e não ter que depender de carona, não pagar estacionamento.





8) Não ter de se preocupar com condução: para quem mora longe como eu morava é um tormento ter que pensar que no melhor da diversão temos que ir embora porque senão não tem mais como voltar ou ter que dormir na casa de um amigo como favor. Agora, na maior parte das vezes eu volto à pé ou quando muito gasto com um taxi.





9) Conquista pessoal: morar sozinha é uma realização, que eu nunca vou me esquecer. É uma fase de auto descoberta, de transformação, de paz após uma tempestade. Comprar as minhas coisas, mesmo que aos poucos, é muito gostoso, muito gratificante. Vale a pena e eu altamente recomento.





sábado, 10 de setembro de 2011

Materialização dos sonhos



Engraçado como quando estamos ocupados com a vida real, a coisa aqui não flui.
Eu ainda estou aqui emendando os pedacinhos soltos que ficou minha vida. E estou conseguindo, cada vez mais. E estou batalhando muito pela minha saúde, pois há muito tempo venho tendo esses pire paques, cada hora uma coisa e isso prejudica muito a minha carreira, minha vida pessoal e o meu físico.
Eu sei que tantas vezes ficando doente só pode ser o sinal que meu corpo dá de que eu não estava feliz por muito, muito tempo e talvez eu estivesse desapontada comigo mesma, com as minhas ações, que acabei me esquecendo delas. Muitas vezes quando não gostamos ou não queremos confrontar é muito mais fácil simplesmente ignorar os problemas.
Há algum tempo venho confrontando meus problemas, gradativamente, afinal não sou de ferro, nem sou um exército para confrontar todos de uma vez. Ninguém é!
E, para tudo ficar mais leve, estou intercalando minha vida entre confrontar problemas, superação de dificuldades internas e ao menos tentativas de matrialização de sonhos.
Andei superando dificuldades internas e ainda estou trabalhando nisso. Com dificuldades internas eu quero dizer uma dificuldade minha mesmo, do meu emocional. Estou superando a dificuldade de confiar nas pessoas e às pessoas os meu problemas. Estou tentando superar esse medo enorme que passei a ter em botar as moedinhas (ah sim confiança é valiosa e tem que ser dada às prestações) no cofrinho das pessoas. E sei que certas coisas são tão valiosas que tenho que guardar para mim mesma, mas sei que se precisar posso apelar para determinadas pessoas.
Mas na última semana, além de tratar de novo do corpinho físico aqui resolvi buscar materializar meus sonhos.
Eu não sou uma pessoa ambiciosa, porque sei que se eu sonhar muito alto e não conseguir atingir essa expectativa é capaz de eu cair de bunda no chão beeemmm duro.
Eu sonho em deixar a minha casa mais bonita e mais confortável para mim e para os que vem me visitar. Eu sonho em zerar as minhas contas todas. Eu sonho em poder comprar as coisas sem ter que planejar tanto, sem ter que tirar de um lado pra repôr o outro.
Eu sonho em estudar alemão, que é a língua da minha família e eu ainda queria muito muito ter um diálogo em alemão com a minha avó.
Eu sonho em dar muito orgulho à minha família e amigos.
É muito mais fácil sonhar simples, pois esses sonhos são factives, e sonhando assim, simples, acho que chego longe, feito as formiguinhas que carregam lentamente as coisas para sua casa.
Eu materializo os meus sonhos escrevendo, pesquisando, revendo, fazendo contas.
Eu vou atrás nas lojas, na internet, fuxicando.
Se o sonho é tangível, eu vou lá, experimento, provo e sinto que aquilo eu vou ter.
Se o sonho é intangível eu dedico meu tempinho a ele, boto no papel e penso, penso muito nesse sonho.
Tomo cuidado para não sonhar por muito tempo, pois tenho que sair dos devaneios e dedicar um tempo para a minha realidade. Aprendi que não necessariamente as pessoas ao nosso redor estão sonhando o mesmo que nós. Podem até torcer e apoiar, mas não sonhar junto. A gente pode compartilhar sonhos, mas cada um sonha a sua maneira e vivencia a realidade por sua percepção.
Eu espero realizar logo esses sonhos, ter essas conquistas. Quero muito sentir esse gostinho de coisas realizadas.
Eu ainda estou medrosa, ainda tenho medo de ter medo de ter medo (parafraseando Renato Russo), mas medo de sonhar e buscar os meus sonhos é uma coisa que tenho materializada, escrita e publicada, minha determinação é o que vem me movendo, mesmo com o motor rateando de vez em quando.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

"Se a palavra é de prata o Silêncio é de Ouro"


Sabe aquele comentariozinho maldoso? Aquele um que toca bem no pontinho fraco?
Pois tem gente que tem o dom de colocar o dedico na ferida. Pode até ser sem querer na hora, mas sempre sinto que é uma maldadezinha por tras das boas intensões daquela bronquinha que dão, daquele cometariozinho.
Eu mesma de vez em quando por espontaneidade acabo falando algo que não devo, mas não é uma maldadezinha, é pura cabeçudisse mesmo. De vez em quando eu não capto o "não é pra você falar pra ninguém" e sem querer comento algo.
Mas ja aconteceu de eu levar umas broncas de alguém que mal sabe o que se passa dentro de mim ou na minha vida e quererem ficar palpitando.
Como diria Caê (sou íntima né?) "Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é".
Eu sou alegre, tento ser pra cima, sou ativa, gosto de descobrir as coisas, seja lendo, seja caminhando, seja viajando, mas tenho sim o meu lado melancólico. Todo mundo tem!
A diferença é que eu faço de tudo pra não deixar esse lado melancólico tomar conta.
Eu tento reclamar menos, eu tento buscar a cura para as doenças da alma e do corpo.
Acontece que há períodos em nossas vidas que vivemos em uma corda bamba, pendendo pra um lado e pro outro, mas o equílibrio vem de mim, quando preciso uma mão amiga se estende, eu pedindo ou não.
Mas ajudar não é jogar na cara, nem falar dos defeitos. Ajudar é estar ali pra caso eu precisar... em silêncio.
Aceito abraços de apoio, beijos calorosos, massagenzinha e adoro quando me deem a liberdade pra fazer tudo isso e mais um pouco.
Mas gente, não dou a liberdade de me espetarem. Não sou bonequinho de vodu! E palavras dóem mais do que um soco, pode ter certeza!
Hoje sei que eu devo pensar antes de falar e sei que se não filtrarem o que me dizem, não preciso engolir sapinho.
Ahhh! Foi!