domingo, 10 de agosto de 2014

No gerúndio dos acontecimentos

"E ouvi uma voz, que diz: "não há razão
Você sempre mudando, já não muda mais"
E já que estou cada vez mais igual
Não sei o que fazer comigo"
(Trecho da música "Não sei o que fazer comigo da banda Vespas mandarinas
Letra e som disponíveis em https://www.youtube.com/watch?v=HiNuv8gpfZs )

Essa semana assistindo ao programa Saia Justa no cana GNT, a atriz Irene Ravache citou essa frase: "No gerúndio dos acontecimentos" e desde então isso não saiu da minha cabeça.

Eu sei que a vida é feita de ciclos de acontecimentos e que todo mundo passa por fases e que muitas vezes nem nos damos conta de que estamos no meio delas e aí, lá no futuro é que nos lembramos daquele momento.

Mas agora, me dei conta de que estou bem aqui, no gerúndio de múltiplos acontecimentos.

Eu estou aprendendo uma nova profissão, estou enfrentando um meio para um fim, estou buscando novas atividades, estou correndo atrás.

Também estou esquecendo, superando...

Há uns anos quando saí de casa eu tive que aprender a gostar da minha própria companhia, aí quando eu vi que gostei demais, passei muito tempo comigo mesma. Hoje estou buscando o equilíbrio entre conviver comigo mesma e buscando companhia, mas companhia interessante e que me faça bem e ainda bem, eu tenho amigos maravilhosos que entendem minhas neuras e meus momentos de "de volta ao casulo".

Hoje também estou aprendendo a lutar pelos meus direitos e pelo que gosto. Estou respeitando a minha opinião. Estou aprendendo a não deixar mais pra lá como fazia antes. Para não magoar os outros eu sempre acabava me magoando e ficava quieta ou falava beeeemmm depois quando as coisas esfriavam. Hoje se não me agrada eu vou lá e reclamo, coisa que também estou aprendendo a fazer para não perder a medida entre a agressividade e a razão - coisa que já aconteceu e me arrependo muito. E isso é um exercício a que estou me dedicando muito.

Me preocupa muito muito mesmo a minha saúde e estou buscando cura onde ela estiver. Nos últimos anos meu corpo me pregou algumas peças muito sérias e eu de verdade me preocupo. Tenho uma vida, tenho o Ozzy para cuidar e quero ser feliz, por isso estou em busca de médicos, terapia holística, terapia, magia, qualquer coisa que me cure definitivamente desses pire paques todos.

Também estou aprendendo a ter paciência. Estou aprendendo que nem sempre as pessoas são iguais a mim, estou aprendendo que nem todos tem o mesmo tempo que eu e visão de mundo que tenho. Isso não tem sido fácil e é um exercício diário.

A mesma paciência estou tendo que ter para aguardar. Há coisas que não dependem da gente e que precisam ter seu próprio rumo, acontecer por si só e cabe a mim vigiar a certa distância, tomar as ações quando necessário, mas o maior papel é aguardar e isso me dá muita angústia. Uma pessoa ansiosa como eu sofre quando sabe que seu papel é simplesmente ficar aguardando.

Acho que o tempo nos traz essa possibilidade, de além de viver os acontecimentos de nossas vidas por dentro deles, mas o conhecimento para, em certos momentos, parar ali, na arquibancada para assistir e analisar o que está acontecendo, tirar lições mesmo antes do final da história e tentar ser uma pessoa melhor. Mas ainda assim me dar conta de que estou aqui no olho do furacão não me traz calma, mas sim mais angústia e mais motivos para pensar e analisar porque eu sei que saindo desse gerúndio virão outros, e outros, e outros...