segunda-feira, 13 de março de 2017

Voltando à rotina

Dei uma olhadinha aqui na internet sobre textos que pudessem me ajudar a ter um embasamento maior sobre a volta à realidade após um período de depressão. E sabe o que eu mais encontrei nessa busca? Como não ter depressão pós férias!

Eu posso dizer, por minha experiência, que trabalhar é uma conquista após esse período de depressão, desde que respeitemos nossos limites.

Ao contrário do que o consciente coletivo diz, ter rotina e conseguir segui-la é sim muito saudável. 
Trabalhar e ver o resultado de seu esforço é sim muito saudável. Mas é necessário que estejamos sempre ligadinhos para que a rotina e a busca constante por metas, resultados, e o próprio trabalho não sejam alienantes. Quer ver? Aqui eu compartilho a Parábola do perseguidor de Cenouras e eu acredito que muita gente vai se reconhecer, ou ao menos se reconheceu em algum momento da vida. Tira 6 minutinhos da sua vida e assiste, vai?

De nada adianta voltar à rotina para que a mesma o traga novamente à um processo de depressão. De nada adianta voltar para um local que não combina com você, com seus ideais de vida, que estejam opostos à sua ética.

Sabemos que a maioria das pessoas que sofrem de depressão é de mulheres em idade produtiva, que ela pode atrapalhar a carreira e, sendo uma dessas mulheres, eu sei o quanto o trabalho nos ajuda a voltar a ter confiança quando às vezes não temos quase nenhuma confiança em nós mesmos. 

Além do fato de não confiarmos em nós mesmos, tem ainda a parte externa. A depressão é altamente incapacitante, nos faz muitas vezes deixar de fazer as coisas básicas do dia a dia e também de exercer bem o nosso trabalho, então como retomar também a confiança da empresa para a qual trabalhamos, de nossos colegas, de nosso chefe? 

A resposta é simples: paciência! Temos que ter paciência com a gente mesmo porque a depressão é como uma ferida invisível que precisa cicatrizar e pra isso precisamos de tempo. 

Muitas vezes é preciso darmos alguns passos para trás em nossa carreira para que possamos entender o que queremos para o nosso futuro, para que o stress não volte a nos dominar, para que entre ar nessa ferida e ela posso ir cicatrizando no tempo dela. Como eu disse ali em cima, é preciso nos desvencilhar dessa corrida pela cenoura e olhar para os lados para que possamos ver que há a possibilidade de busca de outras metas, outros objetivos e, mesmo enquanto a ferida está ali respirando, cicatrizando, a gente possa começar a ver que há um ou vários outros caminhos a serem vistos. 

Eu sei sim que dá um medo danado, porque até então ou estávamos naquela rotina de corrida, ou estávamos no casulo nos curando, sob proteção dos remédios, das pessoas, das licenças eternas do "estar doente" quando tudo se é perdoado, ou parcialmente perdoado. 

Mas quando percebemos que a rotina está aí pra ser explorada, cheia das responsabilidades e possibilidades, tudo ao mesmo tempo... dá medo? Dá! Muitas vezes dá vontade de voltar pra toca? Dá! Mas ela - a rotina - é parte também da cura, porque ao saber que ela está sendo vivida, é sinal que a luz voltou ou está voltando. E a gente sabe sim, que a vida não é feita só de dias bons ou de dias ruins, ela é feita da combinação de ambos e com eles vamos indo em frente.