domingo, 22 de abril de 2012

Melancolia

Nos últimos dias fui obrigada a permanecer em repouso, por ordens médicas, pra sarar logo.

Mas quem disse que a gente fica completamente quieto? Hoje sei, mais do que nunca, que quanto menos o corpo trabalha mais a mente se agita, pensa, pensa, pensa até cansar, porque o corpo, cansado do descanso se recusa a desligar.

Nessas horas, por menos que se queira bate aquela sensação de cansaço, de abandono de mim por mim mesma e pelos outros, mesmo eu sabendo que não é culpa de ninguém eu estar assim.

O que eu fiz? Tentei manter minha mente ocupada. Como? Crochê, filmes, arrumar a gaveta, cozinhar, arrumar outra gaveta...mas sabe, quando a gente menos percebe, lá está a pulguinha que pica a gente com aquele veneninho leve, mas que incomoda.

Acho que esse tipo de melancolia é como aquelas doenças que só atacam a gente quando a imunidade está baixa e de repente a gente percebe que ela está lá, tipo uma afta na língua ou herpes labial.

Eu sei que logo logo tanto cabeça, quanto corpo voltarão a estar bem, mas que vou carregar cicatrizes, vou ter um trabalhinho pra voltar a ser como era.

Mas amanhã, bem cedo é dia de tirar o pijama, dia de ser positiva, dia de tratar os outros e a mim mesma muito bem e deixar a melancolia ali dobradinha num canto escondido, mas de fácil acesso, talvez, junto com os biquines, que atualmente eu raramente uso.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Não somos uma ilha

"Sonho que se sonha só
é só um sonho que se sonha só
Mas sonho que se sonha junto
É realidade"

Raul Seixas


Ahhhh! Voltando de mais uma temporada de recuperação e não falo de estudos!

Segunda vez em menos de um ano em que sou obrigada a me afastar da minha vida para recuperar a saúde e dessa vez tenho muita fé, muita esperança de que seja a última com o tratamento todo a que estou sendo submetida.

Mas sabe, como da outra vez, eu cheguei a conclusão de que Deus sempre nos ajuda e nos traz lições nos piores momentos e que com bom humor tudo fica mais fácil.

Dessa vez eu aprendi que:

"De vez em quando precisamos de uma terapia do tempo das cavernas: causar uma dor muito muito maior para que uma menor, mas prolongada e que atrapalha a vida seja eliminada definitivamente."

Decididamente, não somos uma ilha! Cada vez mais valorizo a minha família, que me ajudou muito agora e sempre! Carinho, afeto, conversas são muito importantes para a saúde e a temporada com eles fez bem para o meu corpo e alma. Sei que eles são importantes para mim, e, mais do que isso, que sou importante para eles.

Graças a Deus tenho meus amigos, que com palavras, gestos, mensagens me ajudaram imensamente nos dias em que estava lá, de molho, sozinha.

Melhor do que ter um local para me refugiar, é ter um lugar para voltar. Continuo a ter muito orgulho da minha casa e de todo o significado dela para mim.

E sem nenhum tipo de puxasaquismo: às vezes nos estressamos com a empresa em que trabalhamos, com o trabalho em si, de ter que acordar todos os dias para fazer a mesma coisa... mas é muito muito, muito bom poder voltar e saber que posso contar com a empresa em que trabalho, ser recebida com tanto carinho pelos meus colegas e amigos e voltar a ter orgulho de ser mais do que uma trabalhadora, mas uma profissional.

Sabe, cada vez mais eu chego a conclusão de que para ser feliz eu não preciso só de mim, com tanta cara e tanta coragem, que nunca serão suficientes para enfrentar esse vidão dificil que está à nossa frente. É preciso ter coragem para confiar nas pessoas e nas instituições das quais dependemos e que dependem da gente e há momentos em que temos que quebrar essa casquinha da nossa cabeça dura, para finalmente entender esse detalhezinho tão simples da vida.