quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Sobre ouvirmos nossos próprios conselhos

"Dar bons conselhos - as pessoas gostam de dar o que mais necessitam. Considero isto a mais profunda generosidade" (Oscar Wilde)

Eu sou o maior exemplo que conheço de que deve-se ouvir os próprios conselhos. Sabe aquele post ali atrás sobre as pequenas vitórias? Durou mais ou menos um mês.
Sabe quando eu digo: "calma, você já tem o não, abra possibilidades pra uma resposta diferente". Então né? Sendo uma pessoa ansiosa eu, muitas vezes, acabo travando ao tomar uma decisão. Por que? Porque eu me apavoro tanto com uma possibilidade negativa que acabo ficando no meio do caminho.
E quando eu digo que organização gera produtividade? Pois é, isso funciona no trabalho, mas vai ver minha casa e minhas coisas como estão. "Casa de ferreiro..."
Tem também a do "não fica nervoso(a), você tendo tanto medo de errar, pensa tanto nisso que Murphy vem junto com seu pensamento e você acaba errando". Quem é a maior medrosa de errar e vive sendo traída por si mesma?????? Tá falando com ela!!!
Sabe, eu sei que é muito mais fácil ajudar os nossos amigos com conselhos porque não estamos envolvidos na situação e uma visão de fora nos traz o distanciamento necessário para vermos as coisas com mais clareza. Mas eu tenho aquela invejinha de pessoas mais racionais, que conseguem enxergar as coisas de forma mais pragmática. Eu gostaria de viver a vida com menos "e se..." pra tudo e mais "é isso!", mas leva um tempinho esse aprendizado né? Trata-se de um exercício diário uma vez que é uma mudança muito maior do que passar a arrumar a cama todo dia ou comer menos pão de queijo (eu amo pão de queijo!)
Cada vez que damos um conselho, a gente está doando um pouco do nosso auto conhecimento, já que damos ao outro um pouquinho do que já vivemos, e um pouquinho da forma como vemos o mundo.Mas se você aí que estiver lendo estiver pensando: Poxa Be, você dá conselhos, fala coisas boas pros outros, mas não consegue seguir o que você mesma disse? Não seria hipocrisia? 
Eu te digo que não, meu caro leitor, não é hipocrisia. Eu não sou tão boazinha não viu, mas quando dou conselhos eu digo o que eu faria naquela situação, de verdade, ou pelo menos o que eu gostaria de fazer, o que eu acho certo. Uso o melhor da minha empatia!
A questão é que temos uma percepção de nós mesmos muito diferente do que o mundo vê, pelo menos isso acontece comigo e com a maioria das pessoas que conheço. Pra desempacar e seguir os nossos conselhos precisamos realmente acreditar que podemos fazê-lo e não ficar com a ideia de que é o certo mas não somos capazes. A Xuxa naquela música Lua de Cristal dizia: "Tudo pode ser, se quiser será / O sonho sempre vem pra quem sonhar /Tudo pode ser, só basta acreditar" e acho que é isso mesmo, ao imaginar a situação temos que de antemão achar que vamos realizá-la (estou ciente que essa música e o filme homônimo não têm muita credibilidade porque é a Xuxa fazendo par romântico com o Sergio Malandro, mas tudo bem, o que vale é a intenção).
Mais do que acreditar nos nossos conselhos, precisamos acreditar que eles funcionam pra gente também. É por isso que eu escolhi a citação do Oscar Wilde que inicia esse texto: falta mais generosidade com a gente mesmo, falta escutarmos o que nós mesmos dizemos, falta a nossa razão ter mais empatia com nosso coração, e vice versa.
E como mudar isso? Olha, eu ainda não sei te dar uma resposta definitiva, mas os exercícios que faço escrevendo para mim mesma, fazendo listas (listas <3) e prestando mais atenção no que eu digo e como reajo a isso pra mim tem sido um bom começo.
E você faz o que você diz?