terça-feira, 26 de julho de 2011

Timidez e teimosia

Quem me conhece do passado remoto, muito muito remoto sabe que eu era meeegaaa tímida, chata (não que eu tenha deixado de ser totalmente, afinal o ser humano aqui é o mesmo), CDF, magrela, enfim, eu não era a mais pop das pessoas.
Filho único é fogo, tem que aprender e descobrir as coisas por conta própria, não tem um desbravador que o ajude antes, nem um um cúmplice que dê uma retaguarda. Se bem que na escola eu admito que eu era CDF mesmo, eu gostava de estudar e de me prender no mundinho dos livros, gostava de ser a estranha que ficava os intervalos na biblioteca.
Mas tem uma hora que a gente acorda pra vida né? Passa a se socializar, querer sair do mundo da Imaginação (não, gente, não aquele da Xuxa) para aprender mais do que está escrito nos livros.
Eu posso dizer que comigo vencer a timidez demorou pra caramba e ela continua me vencendo de vez em quando em certas circunstâncias, mas na maior parte do tempo não a deixo me atrapalhar.
Outro dia estava vendo uma reportagem sobre timidez e concordei com o que disseram: como qualquer desafio, a timidez pode ser vencida pela teimosia e por uma bela távola, de qualquer formato. Távola, como a do rei Arthur sim, onde os cavaleiros tinham democracia para debater as idéias e tomar as decisões (bem, assim diz a lenda).
Bom, o fato de estarmos sentados em uma mesa (com amigos, com boa companhia) ja é um bom passo, pois conhecer gente boa e que valha a pena gastar horas de conversa banal já é um grande mérito. A mesa de casa, com a família é uma zona de conforto, enquanto a mesa com os amigos e pessoas que estamos conhecendo é sempre um desafio de argumentação. Não que em casa não seja, mas parente, é sempre parente, a gente tem e não tem escolha. Amigos fazemos e agregamos porque queremos, são famílias que podemos construir e desconstruir sim, por que não, quando necessário?
Numa roda de amigos e futuros agregados nas nossas vidas, podemos usar ou não uma máscara (metáfora, gente, calma). A gente passa a imagem que quer, mas nem sempre temos a garantia de que a mensagem está sendo compreendida do outro lado (mas a tecnologia nos garante a possibilidade de checar, via redes sociais né ;))
Há variáveis que podem implicar na nossa auto-imagem: a nossa motivação na conversa, embriaguez ou não, interferência de terceiros (e quartos, e quintos... positivas ou não), conhecimento no assunto (gente, conversas de grupinho na távola não vale, só, quando o grupinho é fechado e todos conhecem o assunto)...
Uma távola nova é um desavio sempre, mas um bom desafio, desde que estejamos com o coração e os braços abertos pra mais amigos, mais almas, mais desafios, mais discussões - não estou falando de brigas, mas de debates.
Se outros componentes além das távolas me trouxeram ao que sou hoje? Sim, claro! Mas me deram mais prazer do que uma boa rodinha de amigos? Nunca!

terça-feira, 19 de julho de 2011

Descolado (a)



Esses dias vem me perseguindo uma palavrinha e uma série de idéias relacionadas a ela. Pelo título, já deu pra perceber que ser descolado é o tema de hoje.
Venho ouvindo: "nós que somos descolados", tal galera é "descolada"... mas hoje ser decolado virou um rótulo... é a turminha que frequenta baladas alternativas, que usa camisa xadrez, que usa tenis all star... e muitas vezes acho que não é um estado de espírito, uma busca em se destacar do álbum de figurinhas, mas uma forma de não ser deslocado... como acontece com todo mundo quando somos adolescentes, é buscar um determinado grupo, tentar se parecer com ele ao máximo, compartilhar as mesmas idéias (sem saber o porque delas), mas nem sempre por afinidade, mas para ter um grupo, uma aliança.
Tentei uma busca rápida no google, mas não achei o significado histórico de descolado, mas é bem fácil pelo prefixo, simplesmente: "des".
Acho que ser descolado não é necessariamente fazer parte de um grupo, mas sim uma busca por conhecimento, por coisas novas. Descolado é estar aberto a novas possibilidades.
Já ouvi amigos dizerem: "não gosto dessa música, nunca ouvi, não toca no rádio".
Estar aberto a novas possibilidades significa uma pitadinha de ousadia, significa tentar se conhecer ao máximo para saber o que gosta e o que não gosta e se respeitar, respeitar nosso tempo, nossas fases e ter tolerância com os outros, saber ouvir e não necessariamente aceitar, mas saber ouvir e absorver o novo, por mais que não se goste do que ouvimos.
Pequenino exemplo: eu não gosto de peixe, na verdade eu detesto. Já experimentei para saber que não gosto e me respeito não me obrigando a comer. Mas muita gente que eu gosto gosta, então de vez em quando abro exceção e vou a um restaurante japa (que fede sim) comer os quentes que não tem peixe, porém peço mais diversidade e respeito ao meu paladar (ah não, não há receitas de peixe que parecem frango, não mesmo, não tentem me convencer).
Ser descolado é saber respeitar as raízes, coisa que eu valorizo muito muito. Minha família não é perfeita, como qualquer outra, mas eu valorizo muito tudo o que aprendi, o carinho e o respeito e tento esquecer as coisas ruins, por mais difícil que seja... uma amiga querida costuma dizer que não é preciso ser rico para se ter berço, e isso é a mais pura verdade. Cultura vem de casa a principio e dá uma bela bagagem para que se goste disso para que se busque cada vez mais.
Óbvio que sempre temos empatia com determinadas pessoas, pela ideologia, pelo curso que fizemos, pelo gosto pessoal e isso faz com que uma cidade como São Paulo às vezes pareça uma cidade do interior onde conhecemos muita gente e encontremos essas pessoas na rua.
Mas acho que também, como outra amiga disse hoje, estar num bom estado de espírito nos faz emanar essa energia, nos faz estar ficar destacados, nos faz fazer o bem com mais frequência a quem a amamos e a quem nem conhecemos (coloquei recentemente o "gentileza gera gentileza" por aqui).
Uma conclusão muito pessoal: ser descolado é a busca incansável em ser o melhor, é querer se destacar, não pela aparência, porque embalagem vazia não carrega produto nenhum, mas por boas atitudes, pela teimosia em querer melhorar por dentro para que isso se reflita por fora, é ressoar coisas bacanas, compartilhar, ajudar e ter a coragem de mudar quando preciso, mas sem ferir ninguém (Lady Gaga, vestido de carne foi too much).
Eu pelo menos tento ser descolada nesse sentido, e não, não uso camisa xadrez (tenho uminha só), nem tenho all star (por enquanto), não uso meia calça rasgada e não, não sou obrigada a ir pra balada e encher a cara todo final de semana pra agradar os outros. Sou descolada por agradar a mim, simples assim.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

A eterna pergunta: E se?




Agora em um momentito de insônia, ouvindo Cold Play, acabei dando de cara com "What if", na verdade o you tube escolheu a música pra mim.




Eu sei que em qualquer momento de nossas vidas todos tivemos o bendito do "E se?" Seja apertando <<, seja apertando >, seja apertando >>.


De vez em quando eu me pego pensando: e se eu tivesse feito diferente? E se eu tivesse dito determinada coisa? E se eu tivesse tal atitude??




Da mesma forma fico pensando no futuro. E se??




Hoje mesmo comentei com uma amiga de dar uma consultada em uma vidente. Não que eu ache que isso vá me trazer uma resposta definitiva, mas quem sabe me dá uma luzinha, pra eu não ficar brincando tanto de "e se?" sobre o passado e sobre o futuro?




Tem momentos que há tantos "e se?" na minha cabeça que me sinto mergulhada em um mar cheinho de pontos de interrogação e não sei pra qual direção devo ir.




Hoje, cuidando da minha pequena casinha, vejo muito mais o quanto as decisões do dia a dia podem influenciar lá na frente. É sobre grana, sobre ter mais conforto, sobre pensar em sair ou não.




Agora não estou analisando etimologicamente uma determinada palavra, mas estou analisando esse pensamento que me persegue há muito tempo, porque eu sei que houve momentos importantes em que eu me prendi tanto ao "e se?" que acabei não fazendo nada, não tomando decisão nenhuma, simplesmente deixei a maré de interrogações me levar.




Neste momento estou aqui, na minha prainha, aprendendo, buscando, mas sempre surge um "e se?", por menor que seja.




Às vezes, aperto o <<, naqueles momentos em que estou sozinha, e revejo situações lá dentro da minha cabeça, como numa tv, bem mais clara, agora sem a chuva de "e se?", já limpas, polidas pelo tempo que passou e vejo que, de verdade, eu não me arrependo das ações que tomei apesar da tempestade que passei.




Agora, ao invés de "e se?", estou como uma daquelas restauradoras de filmes antigos. Estou limpando, colando e vendo que minha história, pelo menos o meu lado dela, é muito mais bonito, muito mais colorido do que eu me lembrava, afinal, eu esolhi o roteiro, com carinho, com respeito.




Penso sim, no "e se?" do futuro, mas de forma mais madura, calma, sem me afogar, mas com calma, planejamento, com estudo.




E se nada disso tivesse acontecido? Hoje eu não estaria erguendo as paredes do que logo logo vai ser o meu castelo, bonito, colorido, nem tão rico, mas cheio de arte, de gente, de beleza. E se eu não conseguir?? Claro que eu vou!

terça-feira, 5 de julho de 2011

Cuidar



Uma coisa que tomou meu final de semana foi a palavra cuidar.



Já falei aqui da minha avó, que está bem velhinha e doente, mas acho que não são somente os mais frágeis que precisam de cuidados, mas a todos que amamos.



De alguma forma sempre cuido de quem eu gosto. Como? Com um telefonema, com um email, cozinhando, ouvindo, com abraços, com piadas, com bilhetinhos, com qualquer gesto que agrade a pessoa... sinto muito prazer em cuidar dos meus amigos e família, me sinto útil, me sinto bem.



Sempre fui daquelas que gosta muito de dar presentes, de agradar, de fazer surpresas...



No final de semana eu cuidei um pouco da minha avó, não dando só remédio, mas conversando, dando atenção, dando carinho. Cuidei também da minha mãe ao cozinhar para ela, lavar a louça e deixando-a ter uma noite de sono tranquila porque eu estava lá caso a minha avó precisasse.



Esse foi nos tempos de hoje um final de semana isolado, porque agora eu estou aprendendo a cuidar de mim, das minhas coisas, do meu ego.



Há até um tempinho atrás eu cuidava de todo mundo, da casa onde eu cresci. fazia comida, lavava, passava cozinhava e me deixava muitas vezes de lado, não só a mim, como minha profissão e a minha vida.



Para ser uma pessoa cuidadora tem de ser muito desprendido, dedicado, mas temos que ter uma vida, momentos próprios, senão acabamos dando uma piradinha.



Vejo isso em mim, que pirei por ter responsabilidades antes da hora, vejo em amigas que tem seus bebês e acabam ficando muito em casa dedicando-se só a esse pessoinha, muito amada, mas que da trabalho e estressa. Também enxergo em relacionamentos, vejo nos workaholiks. Sempre que se cuida mais de alguém ou de algo do que de si mesmo perdemos o equilibrio, andamos na corda bamba pendendo para um lado só.



Pesquisando, vi que a palavra cuidado, vem do latim cogitare, "pensar", "conceber", "preparar". Essa palavra no latim antigo decompõe-se em co+agitare. Agitare era a insistência do "agere" (agir). Das tarefas mais físicas do agir chegou-se ao agir do espírito. A expressão "agitare mente" significava mover o espírito, caminhar no pensamento, direcionar idéias, andando com elas. (Fonte: http://palavraseorigens.blogspot.com/search/label/cuidar).



Eu de minha parte estou movendo o meu pensamento para aprender a cuidar de mim mesma, ampliar meus horizontes para ter equilibrio no cuidar de mim e dos que estão ao meu redor, seja com um simples ou um grande gesto, tudo na medida, sem faltar nada para ninguém: o meu e o dos outros.



Mas vejo muitos amigos ou pessoas que passaram por mim que sempre cuidaram só de si mesmos, nunca precisaram cuidar de uma casa, de um pet ou de outro ser humano. Falo de amigos recém casados, amigos que tiveram filhos, pessoas que não sabem lidar com a dureza do tempo.



Mas, de qualquer forma, assim como eu tenho a missão de cuidar só de mim (não é facil, pode ter certeza, ainda mais com meu gênio e teimosia, aguentar a mim mesma e meus próprios pensamentos me deixa irritada muitas vezes), meus queridos amigos, sei que por amor estão dando conta muito bem de cuidar de alguém a mais além de si mesmos, afinal, só o amor de verdade é capaz de nos modificar de tal maneira.



Eu, atualmente, me amo muito e espero me amar cada vez mais.