terça-feira, 19 de julho de 2011

Descolado (a)



Esses dias vem me perseguindo uma palavrinha e uma série de idéias relacionadas a ela. Pelo título, já deu pra perceber que ser descolado é o tema de hoje.
Venho ouvindo: "nós que somos descolados", tal galera é "descolada"... mas hoje ser decolado virou um rótulo... é a turminha que frequenta baladas alternativas, que usa camisa xadrez, que usa tenis all star... e muitas vezes acho que não é um estado de espírito, uma busca em se destacar do álbum de figurinhas, mas uma forma de não ser deslocado... como acontece com todo mundo quando somos adolescentes, é buscar um determinado grupo, tentar se parecer com ele ao máximo, compartilhar as mesmas idéias (sem saber o porque delas), mas nem sempre por afinidade, mas para ter um grupo, uma aliança.
Tentei uma busca rápida no google, mas não achei o significado histórico de descolado, mas é bem fácil pelo prefixo, simplesmente: "des".
Acho que ser descolado não é necessariamente fazer parte de um grupo, mas sim uma busca por conhecimento, por coisas novas. Descolado é estar aberto a novas possibilidades.
Já ouvi amigos dizerem: "não gosto dessa música, nunca ouvi, não toca no rádio".
Estar aberto a novas possibilidades significa uma pitadinha de ousadia, significa tentar se conhecer ao máximo para saber o que gosta e o que não gosta e se respeitar, respeitar nosso tempo, nossas fases e ter tolerância com os outros, saber ouvir e não necessariamente aceitar, mas saber ouvir e absorver o novo, por mais que não se goste do que ouvimos.
Pequenino exemplo: eu não gosto de peixe, na verdade eu detesto. Já experimentei para saber que não gosto e me respeito não me obrigando a comer. Mas muita gente que eu gosto gosta, então de vez em quando abro exceção e vou a um restaurante japa (que fede sim) comer os quentes que não tem peixe, porém peço mais diversidade e respeito ao meu paladar (ah não, não há receitas de peixe que parecem frango, não mesmo, não tentem me convencer).
Ser descolado é saber respeitar as raízes, coisa que eu valorizo muito muito. Minha família não é perfeita, como qualquer outra, mas eu valorizo muito tudo o que aprendi, o carinho e o respeito e tento esquecer as coisas ruins, por mais difícil que seja... uma amiga querida costuma dizer que não é preciso ser rico para se ter berço, e isso é a mais pura verdade. Cultura vem de casa a principio e dá uma bela bagagem para que se goste disso para que se busque cada vez mais.
Óbvio que sempre temos empatia com determinadas pessoas, pela ideologia, pelo curso que fizemos, pelo gosto pessoal e isso faz com que uma cidade como São Paulo às vezes pareça uma cidade do interior onde conhecemos muita gente e encontremos essas pessoas na rua.
Mas acho que também, como outra amiga disse hoje, estar num bom estado de espírito nos faz emanar essa energia, nos faz estar ficar destacados, nos faz fazer o bem com mais frequência a quem a amamos e a quem nem conhecemos (coloquei recentemente o "gentileza gera gentileza" por aqui).
Uma conclusão muito pessoal: ser descolado é a busca incansável em ser o melhor, é querer se destacar, não pela aparência, porque embalagem vazia não carrega produto nenhum, mas por boas atitudes, pela teimosia em querer melhorar por dentro para que isso se reflita por fora, é ressoar coisas bacanas, compartilhar, ajudar e ter a coragem de mudar quando preciso, mas sem ferir ninguém (Lady Gaga, vestido de carne foi too much).
Eu pelo menos tento ser descolada nesse sentido, e não, não uso camisa xadrez (tenho uminha só), nem tenho all star (por enquanto), não uso meia calça rasgada e não, não sou obrigada a ir pra balada e encher a cara todo final de semana pra agradar os outros. Sou descolada por agradar a mim, simples assim.

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