quarta-feira, 7 de março de 2018

Quebrar a cara também faz bem

Ultimamente, muito mais do que antes, vem pipocando notícias na mídia sobre pessoas que, apesar de tudo, conseguiram sucesso no que se propuseram a fazer.
Da maravilhosa Rita Lee
Sabe aquelas notícias de um menino pobre que passou em todos os vestibulares do país, ou o ex detento que se diplomou e hoje é professor, ou o ex morador de rua que hoje é empresário e, talvez o mais famoso de todos, o ex camelô que hoje, além de apresentador mais famoso do Brasil, é também banqueiro e empresário? 
Eu tenho me perguntado se só as notícias de histórias de sucesso merecem ser propagadas, ou menos ainda, se devem ser contadas e compartilhadas em rodas de conversa. Claro que não vai estar em destaque no jornal o fato de eu ter torcido o pé e, por isso, ter ficado um mês com ele imobilizado, mas acho que grandes lições não vem sempre de grandes acontecimentos.
Eu penso que a gente não conta a nossa vida por anos, dias, minutos ou unidades de tempo, a gente enxerga a nossa vida por períodos, como a fase de determinado namoro, emprego, local em que morou, enfim, coisas que marcam uma sucessão de dias absolutamente iguais de pura rotina, do acordar, levantar, cumprir com as obrigações, deitar e dormir de novo. 
Mas, e se, em meio a tantos e tantos dias iguais a gente simplesmente resolvesse escutar mais vezes aquela vozinha que nos diz pra tentar fazer alguma coisa?  Por que não ouvimos essa voz que vem do nosso subconsciente que está ali tendo altos papos com o nosso consciente? Por que deixamos o medo que a outra vozinha diz ter nos dominar e, por isso, deixamos de fazer uma porção de coisas que, de repente, poderiam colorir esses dias tão cinza e iguais?
A minha teoria é que o nosso ego não suporta a ideia de termos nem a possibilidade de que podemos errar e nos decepcionar, seja com a gente mesmo, seja com os outros e o medo é um mecanismo de defesa para que isso nem sequer possa ter risco de acontecer. Como? Não nos arriscamos, simplesmente não fazendo nada e, assim, seguimos o baile que é a nossa vida.
Eu não sei se é só a maturidade, ou tantas vezes em que passei por perrengues, que, de uns tempos pra cá, eu resolvi que essa vozinha deve ser ouvida mais vezes. Afinal, quem sabe fazendo as coisas de uma maneira diferente, de repente, o resultado pode ser diferente, melhor para mim  por uma série de motivos. E, olha, eu estou provando empiricamente que estou certa, sabe, aquela vozinha esperta que eu vinha ignorando por tanto tempo sabe das coisas e, não, nem sempre as coisas dão certo, mas, agora que eu me ouço mais, eu posso, ao menos, tirar ensinamentos e sair da inércia do eterno questionamento do "e se?".
No final do ano eu tentei algo que eu queria fazer há mais de dez anos. Não deu certo, mas através dessa experiência eu pude aprender uma série de coisas sobre mim e minha relação com as pessoas e instituições e, agora mais do que antes, eu sei que sou muito capaz, porque foi quase. Agora eu posso ter a escolha de decidir se vou ou não tentar de novo, porque já sei mais sobre o processo todo.
Eu, também, aprendi que as pessoas não mordem, e que não custa nada falar com elas por qualquer que seja o motivo.
Além disso, somos todos rodeados por pessoas que nos amam e que nos ajudam todos os dias a bancar as nossas decisões, elas deem certo ou não, você esteja bem ou não. Seja forte, tenha coragem e peça ajuda se precisar. Eu cresci sendo criada para ser independente e olha, quebrar esse paradigma foi difícil, mas tem sido necessário nessa minha viagem de auto conhecimento.
Outras vozes com outras ideias vão vir sempre, afinal estamos conversando com a gente mesmo o tempo todo, ponderamos sobre se podemos ou não, se vamos gostar ou não, se vai dar certo ou não, se vamos sofrer ou não, se somos capazes ou não e, olha, acredite na sua vozinha, converse com ela e não a sufoque. Não deixe passar dez anos, quando sua vida estiver em outro contexto, quando os resultados podem ser outros, não deixe de criar oportunidades pra você mesmo, sejam elas grandes como um emprego ou pequena, como passar por um caminho diferente do que você faz todos os dias. "A vida acontece quando, você está ocupado fazendo planos" (John Lennon). OU A vida acontece quando você simplesmente age, conversando menos com você mesmo e fazendo mais.

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