Cada vez que ando por Sampa, seja para ir trabalhar ou passear me espanto mais e mais com a capacidade criativa do povo para ganhar dinheiro.
Acho que em todos os bairros, em especial aqui na Paulista, Centro e arredores, há todas as formas possíveis de se ganhar muito mais do que um troquinho, e se não são todas as formas possíveis, pelo menos estão aqui as pessoas com mais criatividade.
Existem os culturais, que vendem ingresso para teatro (há mais de 10 anos eu circulo pela região e sempre tem o tiozinho semi careca, de cabelos longos oferecendo ingressos). Também tem o tocador de guitarra, de sax, de MPB, os dançarinos a lá Michael Jackson e os malabaristas de farol.
Há também os filantropos que pedem dinheiro para o Green Peace, para os cães de rua, para os dependentes em geral...
Tem os vendedores, que tocados pelo cansaço de cada dia da massa trabalhadora oferecem balas, chicletes, biscoitos, chocolates e, por que não, a cervejinha sagrada, seja no trem, em frente às baladas (onde também é oferecido aquele doguinho amigo) e na porta de shows.
Há aqueles que pedem para ajudar com uma deficiência física, como a moça do trem que cantava com um sonzinho ligado com o acompanhamento de instrumentos (era cega). Tem o moço que anda em um skate porque não tem pernas. Tem outro que fala "dê uma ajuda ao ceguinho". Tem a mãe com 5 bocas para alimentar, cujo marido fugiu (há anos a vejo e as crianças sempre mudam).
Mas esses são os básicos. Tem os mais criativos, ou melhor os mais caras de pau.
Esse post é em homenagem a um que vi hoje pela manhã.
Descrição físíca: nada magrinho, usava camisa do Corinthians com o nome do Ronaldo nas costas, bermuda jeans e sandálias Rider.
Discurso: voz em sotaque carioca. Disse que veio do Rio e que estava em Sampa para tratamento de um tiro de bala perdida que levou próximo a sua casa, na Cidade de Deus (sim a do filme), onde tem um barraquinho próprio, não paga aluguel e moram todos os seus 5 filhinhos e esposa. Segundo ele (com voz muito, muito triste) a bala que levou foi na cabeça e estava próxima a seu olho esquerdo (uma coisa caída e estranha), que se não operado poderia ser danificado ainda mais. Antes da cirurgia ele queria retornar a seu lar, rever a família e para isso necessitava juntar os R$98.00 da passagem de ônibus para o Rio.
O cara era tão bom que metade do vagão pagou. Notas e moedas.
Quando eu já estava para descer, no final do vagão, depois de ter recebido uma bela graninha, ele sentou em um dos últimos bancos, tirou algo do bolso, deu uma cuspida nessa coisa e jogou a cabeça para trás colocando algo, que eu achei que era colírio para o tal olho em perigo pela bala. Gente... o cara cuspiu em um olho postiço e o colocou no lugar do globo ocular que estava vazio.
Enquanto eu descia na plataforma, ouvia dois rapazes conversando:
- Queria ver esse aí carregar pedra de final de semana pra ganhar um extra como nós fazemos.
- Como assim carioca com a camisa do Corínthians?
- E eu bem queria usar uma bermuda de surf para trabalhar como esse aí. Vagabundo!
Moral da história?
Tem muita gente sem moral nesse mundo!!!
Só rindo pra continuar caminhando, pôr o dedinho no registro de ponto, logar e trabalhar, trabalhar, trabalhar...
Acho que em todos os bairros, em especial aqui na Paulista, Centro e arredores, há todas as formas possíveis de se ganhar muito mais do que um troquinho, e se não são todas as formas possíveis, pelo menos estão aqui as pessoas com mais criatividade.
Existem os culturais, que vendem ingresso para teatro (há mais de 10 anos eu circulo pela região e sempre tem o tiozinho semi careca, de cabelos longos oferecendo ingressos). Também tem o tocador de guitarra, de sax, de MPB, os dançarinos a lá Michael Jackson e os malabaristas de farol.
Há também os filantropos que pedem dinheiro para o Green Peace, para os cães de rua, para os dependentes em geral...
Tem os vendedores, que tocados pelo cansaço de cada dia da massa trabalhadora oferecem balas, chicletes, biscoitos, chocolates e, por que não, a cervejinha sagrada, seja no trem, em frente às baladas (onde também é oferecido aquele doguinho amigo) e na porta de shows.
Há aqueles que pedem para ajudar com uma deficiência física, como a moça do trem que cantava com um sonzinho ligado com o acompanhamento de instrumentos (era cega). Tem o moço que anda em um skate porque não tem pernas. Tem outro que fala "dê uma ajuda ao ceguinho". Tem a mãe com 5 bocas para alimentar, cujo marido fugiu (há anos a vejo e as crianças sempre mudam).
Mas esses são os básicos. Tem os mais criativos, ou melhor os mais caras de pau.
Esse post é em homenagem a um que vi hoje pela manhã.
Descrição físíca: nada magrinho, usava camisa do Corinthians com o nome do Ronaldo nas costas, bermuda jeans e sandálias Rider.
Discurso: voz em sotaque carioca. Disse que veio do Rio e que estava em Sampa para tratamento de um tiro de bala perdida que levou próximo a sua casa, na Cidade de Deus (sim a do filme), onde tem um barraquinho próprio, não paga aluguel e moram todos os seus 5 filhinhos e esposa. Segundo ele (com voz muito, muito triste) a bala que levou foi na cabeça e estava próxima a seu olho esquerdo (uma coisa caída e estranha), que se não operado poderia ser danificado ainda mais. Antes da cirurgia ele queria retornar a seu lar, rever a família e para isso necessitava juntar os R$98.00 da passagem de ônibus para o Rio.
O cara era tão bom que metade do vagão pagou. Notas e moedas.
Quando eu já estava para descer, no final do vagão, depois de ter recebido uma bela graninha, ele sentou em um dos últimos bancos, tirou algo do bolso, deu uma cuspida nessa coisa e jogou a cabeça para trás colocando algo, que eu achei que era colírio para o tal olho em perigo pela bala. Gente... o cara cuspiu em um olho postiço e o colocou no lugar do globo ocular que estava vazio.
Enquanto eu descia na plataforma, ouvia dois rapazes conversando:
- Queria ver esse aí carregar pedra de final de semana pra ganhar um extra como nós fazemos.
- Como assim carioca com a camisa do Corínthians?
- E eu bem queria usar uma bermuda de surf para trabalhar como esse aí. Vagabundo!
Moral da história?
Tem muita gente sem moral nesse mundo!!!
Só rindo pra continuar caminhando, pôr o dedinho no registro de ponto, logar e trabalhar, trabalhar, trabalhar...
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