Hoje é domingo, são mais de 11 da noite, está muito frio lá fora e eu estou aqui em casa, na minha pequena casa, cozinhando e vendo um programa que fala da solidão que as pessoas vivem morando em Londres.
Eu também moro em uma grande capital do mundo e assim como muitos nos vários depoimentos que vejo também vim de outra cidade, mesmo que próxima e também moro sozinha.
Acho que muitos, como eu, só sentem solidão quando a vida pára, quando acontece algo que nos faz refletir sobre isso, na verdade, quando acontece algo que nos obriga mesmo, porque eu não gosto de pensar que sou solitária, na verdade eu quase nunca penso nisso, porque o fato de eu morar sozinha é uma conquista de vida muito grande, é quase que desafiar os outros e superar a mim mesma.
Penso que exatamente por isso a solidão tem essa paradoxalidade. Em vários momentos de nossas vidas nós desejamos profundamente um pouco de paz, sossego, desejamos que mesmo que por 5 minutos, estar sozinhos, sozinhos mesmo. Sem ninguém chamando, sem nenhum cliente falando, sem telefone, só nós por nós mesmos.
Por outro lado, quando se fica sozinho, há dias em que desejamos ter nem que só uma pessoinha do nosso lado pra falar da vida, pra reclamar, pra rir sem razão e até mesmo ter uma mão/ombro amigo.
A solidão por vontade, por necessidade, traz muito aprendizado sobre nós mesmos, nossa relação com os outros e com o mundo. Parece que o tempo passa mais devagar ou até mesmo pára de vez em quando.
Todo dia é uma luta, pra eu sobreviver, pra eu manter a minha solidão e até pra ter aquela graninha amiga pra poder sair e buscar outros que como eu que de vez em quando dão uma fugidinha da toca por se sentirem sozinhos, mas que como eu gostam de viver paradoxalmente...